Aqui você já entra aprendendo, o feminino de sommelier é sommelière, então não estranhe o nome do blog e nem pense que está errado!
Resolvi criar esse blog como uma maneira de dividir informações preciosas com apaixonados pela arte de Bacco. Aqui vocês encontraram alguns textos meus e outros que eu garimpo por ai e julgo itneressantes para dividir com vocês!
Entre. leia, se apaixone e fique a vontade, a casa é sua!

domingo, 2 de outubro de 2016

PARA QUE SIMPLIFICAR SE PODEMOS COMPLICAR.....

Surpreendida com a notícia que uma vinícola centenária, tradicional produtora de espumantes contratou um enólogo francês para efetivamente cuidar da produção de vinhos tintos.... sim você leu certo querido leitor...... o novo enólogo consultor veio para nos ensinar a fazer vinhos tintos! E eu que sou  a mais enxerida e palpiteira sommelière desta gauderia terra, não podia ficar calada e pergunto; POR QUE?

O Brasil é hoje reconhecido mundialmente pela imensa qualidade dos espumantes que produz, até mesmo o grande critico de vinhos  Steven Spurrier, ficou impressionado com a qualidade de nossos espumantes e teceu vários comentários elogiosos, a seguir alguns deles:

“O céu é o limite para os espumantes brasileiros. O espumante é o canto da sereia para o setor vinícola brasileiro.”

“O consumo de espumantes cresceu 25% no Reino Unido nos últimos cinco anos, o que é uma oportunidade para os produtores brasileiros. Para preencher a lacuna que existem no mercado, principalmente de espumantes Premium”.

“O Brasil produz os melhores espumantes do Hemisfério Sul. Mesmo com poucas amostras, esse painel provou que os espumantes brasileiros têm qualidade, são competitivos em preço e tem potencial de conquistar novos consumidores tanto no país como no exterior”.

O nosso clima é infinitamente propicio a elaboração de espumantes, pura e simplesmente porque chove na época da colheita e  as uvas bases para o espumante são colhidas precocemente, escapando portanto do aguaceiro que sempre durante o verão, tornando o amadurecimento das outras castas uma questão de muita sorte e reza brava.... 
No Brasil a maior aventura é produzir um tinto razoável! Pergunte a qualquer enólogo a tensão que é manter a sanidade das uvas que tem maturação tardia?
Já produzir um bom espumante no Brasil chega a ser fácil, e nas palavras de um grande mestre da arte das borbulhas, para se fazer um espumante ruim no Brasil o enólogo tem que ser péssimo!

Nas palavras desse mesmo enólogo consultor contratado pela centenária vinícola:

"É preciso ter humildade. Somos parte de uma vitivinicultura em crescimento no Brasil. O mais importante é partir da base, que é o vinhedo. Sem boas uvas nem mesmo o melhor enólogo do mundo vai fazer bons 
vinhos."

 E especificamente essa frase que posto a seguir foi a que me motivou escrever sobre isso:

"O que me atrai no Brasil e especificamente nesta zona é a dificuldade que o clima representa. Para fazer grandes vinhos, sempre é preciso estar em condições difíceis. A natureza ajuda, mas também é preciso lutar contra ela."

Ao que me consta ela é puramente verdadeira, um exemplo é Mendoza com suas parreiras irrigadas em meio ao deserto.... mas irrigar é uma coisa, mas como proteger uma zona vinícola inteira das chuvas torrenciais que nos assolam na época da maturação?

Outra coisa que me incomodou é buscar um enólogo de fora, como se o problema de nossos vinhos tranquilos  fosse a ineficiência dos enólogos brasileiros e não o nosso clima!


É certo que fazemos bons vinho tintos, a se julgar pelas heroicas vinícolas boutiques que o tem como foco, como Valmarino, Lidio Carraro, Casa Angelo Fantin, Don Laurindo, Milantino, Don Candido, Pizzato, Dal Pizzol.... a diferença se dá na escolha de cada vinícola. 
E o meu questionamento é porque alguém que produz espumantes a mais de 100 anos, não pode simplesmente ampliar e melhorar a sua gama de produtos borbulhantes, ao invés de se aventurar em algo que nunca teve tradição... e a pergunta persiste POR QUE?



2 comentários:

  1. Simples cara sommelière. A vinícola em questão contratou um nome de peso para integrar um audacioso projeto de revitalização da marca, iniciado 2002, quando os sócios atuais compraram a empresa, até então familiar, e iniciaram sua retomada, saneando a empresa financeiramente e dando início a uma série de investimentos, que culminam em 2016 com revitalizações das centenárias instalações.
    Tenha em mente que eles poderão incluir os vinhos não tranquilos neste projeto, porém para os vinhos tranquilos alguém que foi responsável por projetos de uma famigerada vinícola francesa e que resultou em grandes marcas como Opus One (EUA) e Almaviva (Chile) deverá agregar mais credibilidade às empreitadas desta conhecida marca de nós brasileiros. Vamos esperar para ver! No mundo dos vinhos o tempo é o melhor amigo dos resultados positivos. Grande abraço e parabéns pelas publicações de conteúdo relevante à vitinicultura brasileira.

    ResponderExcluir