Aqui você já entra aprendendo, o feminino de sommelier é sommelière, então não estranhe o nome do blog e nem pense que está errado!
Resolvi criar esse blog como uma maneira de dividir informações preciosas com apaixonados pela arte de Bacco. Aqui vocês encontraram alguns textos meus e outros que eu garimpo por ai e julgo itneressantes para dividir com vocês!
Entre. leia, se apaixone e fique a vontade, a casa é sua!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Est! Est!! Est!!! de Montefiascone

POR: Oscar Daudt
A DOC Est! Est!! Est!!! de Montefiascone, além do nome improvável, possui uma das mais curiosas histórias do vinho italiano. Sem contar que é uma das poucas denomimações antigas que tem sua data de criação conhecida: exatamente o ano 1000! (ou 1111, dependendo do lugar onde você consulta...)
Foi num desses anos que o bispo alemão Johan Defuk, certamente um enófilo de carteirinha, devendo empreender uma viagem a Roma, instruiu um empregado a partir com um dia de antecedência e identificar, pelo caminho, quais as tabernas que ofereciam os melhores vinhos para aplacar a sede do eclesiástico. Combinaram que, nas melhores estalagens, a porta seria marcada com a palavra Est! (mais ou menos, É aqui!).
Ao chegar a Montefiascone, no entanto, o leal serviçal ficou tão encantado com a qualidade do vinho local que num arroubo de entusiasmo - e certamente depois de beber todas e mais algumas! - identificou o local com Est! Est!! Est!!! O que acabou se tornando o nome da DOC atual...
O bispo, por sua vez, após cumprir sua missão em Roma, voltou a Montefiascone, onde permaneceu pelo resto de seus dias. Dá prá ver que seu assistente etílico era para ele, mais ou menos, o que Robert Parker é para nós, atualmente: o incontestável formador de opinião! Tendo sido enterrado na Igreja de San Flaviano (foto), a tradição milenar naquela cidade é derramar na tumba do bispo, a cada aniversário de sua morte, um barril do adorado vinho!
No entanto, a qualidade do vinho não faz jus a tantos pontos de exclamação. Dá para imaginar que o gosto do bispo, há 1000 anos, era bem distinto daquele que comanda o mercado internacional nos dias atuais. O único diferencial do vinho hoje em dia é, na verdade, seu nome e sua história. Uma criteriosa pesquisa pelos catálogos de vinhos e pela Internet mostrou que é bastante limitada a oferta dessa denominação: poucos rótulos foram encontrados. O mais prestigiado deles é o Falesco Poggio dei Gelsi Est! Est!! Est!!! di Montefiascone, do cultuado enólogo italiano Riccardo Cotarella, que resolveu dar uma banho de loja nessa DOC a fim de recuperar seu prestígio, há tanto tempo perdido. Cotarella produz também a versão mais básica desse vinho, o Falesco Est! Est!! Est!!! di Montefiascone. Infelizmente nenhum dos dois está disponível em nossa terra brasilis.

DOC Est! Est!! Est!!! di Montefiascone é uma denominação da região do Lácio que foi criada em 07/05/1966. Esse vinho pode ser produzido nas comunas de Bolsena, Capodimonte, Gradoli, Grotte di Castro, Marta, Montefiascone e San Lorenzo Nuovo, todas localizadas na província de Viterbo.

Os vinhos desta DOC devem utilizar as seguintes castas:

Trebbiano toscano (ou Procanico): 65%
Malvasia bianca toscana: até 20%
Rossetto (ou Trebbiano giallo): até 15%

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

DOIS MITOS DO VINHO


Vinho bom é vinho caro!

Sendo as uvas a matéria-prima do vinho, naturalmente, qualquer diferença nelas cria um vinho diferente. O fato é que se todos os vinhos do mundo fossem feitos da mesma variedade de uva, ainda assim cada um teria um sabor diferente do outro. A variação do sabor da uva de diferentes vinhedos - que os franceses costumam chamar de influência do terroir - e as variações nas técnicas de vinificação de uma vinícola para outra explicam boa parte dessas diferenças, e também justificam as duas meias-verdades que trato aqui:

1- Vinho bom é vinho caro.
A questão do valor de uma garrafa de vinho é extremamente complexa. Os custos envolvem variáveis como o valor do terreno onde a uva é cultivada, custos de mão de obra, tecnologia, impostos, etc. E outro dado fundamental: o valor da marca. Mal comparando, é a mesma história da Coca-Cola, cuja marca é hoje muito maior que o produto a ela associado. Assim, uma parte considerável na diferença de preços entre vinhos reside na importância da grife do produtor. Isso tudo posto, temos que vinhos de determinados produtores atingem preços estratosféricos, cotados na faixa dos milhares de dólares.
Quando dizem que vinho bom é vinho caro trata-se de meia-verdade, quer dizer que em geral um vinho de R$ 200,00 deveria ser melhor que outro de R$ 50,00 ( o que nem sempre acontece. em minha experiência em degustações é mais comum eu me extasiar com o vinho médio da casa do que com teu Top de linha.
Descobrir quais vinhos apresentam uma relação satisfatória entre preço e qualidade é um dos desafios do bom degustador. Costumo falar ao meus clientes que vinho caro tem a obrigação de ser bom, e infelizmente isso nem sempre acontece. descobrir vinho "honestos" é a grande sacada de degustar vinhos, como diz meu amigo Ronald Slavi, ser garimpeiro de vinho é muito legal!
O grande segredo é não ter medo de experimentar, de descobrir novas uvas, novos páises, dar chance a novos produtores se desvencilhando dos rótulos famosos. Esse é meu exercício diário e dele não me canso nunca!


2- Quanto mais velho, melhor o vinho.
Uma das imagens mais associadas aos vinhos, tanto que se tornou ditado popular. E também esconde uma boa dose de exagero. Na verdade, apenas pequena parte dos vinhos produzidos em escala comercial envelhece bem. Os vinhos mais acessíveis geralmente são produzidos prontos para consumo imediato; Não há uma regra mas geralmente os vinhos aptos para guarda são tintos dos grandes produtores, tais como franceses de Bordeaux e Borgonha, espanhóis da Rioja e italianos tipo Barolo. Vinhos brancos que envelhecem bem são raros e caros, sempre.
No caso dos tintos, a condição essencial para que envelheçam bem é que possuam um elevado teor de taninos e antocianos - duas substâncias que estão contidas na casca da uva. Os taninos (que também estão presentes na madeira das barricas em que os vinhos descansam antes de ser engarrafados), além de conferir adstringência ao sabor, tem um efeito anti-oxidante que combate os radicais livres possibilitando vida mais longa ao vinho. Os antocianos lhe conferem cor, tonalidade intensa quando novo. Portanto, se um tinto de safra recente não apresenta forte adstringência e tem coloração clara, já se sabe que não possui características para o envelhecimento. Segundo o crítico Robert Parker apenas 5% dos vinhos da atualidade tem capacidade para envelhecimento. Os demais devem ser bebidos de imediato ou no máximo em cinco anos, contados a partir da safra no rótulo. Também nunca se deve esquecer que deve-se em posição horinzontal e sob condições ideais de temperarura e umidade, ou seja, sempre em ambiente climatizado(temperatura sempre entre 14ºC e 16ºC) e unidade em torno de 60% a 80%.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

DEGUSTAÇÃO NA KMM

Ontem fomos a uma degustação muito interessante. Convidados pelo nosso amigo Maurício Miguel, tivemos a oportunidade de provar vinhos interessantíssimos da Importadora KMM.
Foram cerca de 25 rótulos colocados na degustação.
Entre os brancos impressionou o Sul-africano Namaqua Sauvignon Blanc com riqueza de aromas e boca exuberante e fresca e também o australiano Richland Sauvignon Blanc, com toques herbáceos mescladas a notas minerais muito interessantes.
Depois passamos ao rosês, um rótulo apenas, o autraliano Oxford Cabernet Sauvignon. Impressionou pelo frescor, afinal era um vinho da safra de 2006.
Entre os tintos, vários deles me encantaram:
ALPACA Shiraz/Cabernet: Excelente custo beneficio vindo do Chile
NUDO Cabernet sauvignon: Foi um dos vinhos que mais me impressionou! Segue ficha técnica e notas do produtor:
HISTÓRICO: A vinícola La Ronciere foi criada em 1949 e há 3 gerações a família Orueta, vinda da Espanha no início do século passado, dedica-se a alcançar a perfeição de seus produtos. Seu nome origina-se da palavra francesa ‘Ronce’, interpretada como ‘arbusto espinhoso’, típico dos campos desta região. São 200 hectares plantados no Valle de Rapel, a 80 km ao sul de Santiago, compreendendo as zonas de Cachapoal - com seus declives perfeitos para a exposição ao sol, e Colchagua - reconhecida pela pureza de seu ar. O excepcional clima mediterrâneo da região, a amplitude térmica, a composição de seu solo e sua disposição para uma excelente irrigação permitem à La Ronciere obter o melhor de cada uma das variedades cultivadas, todas colhidas por mãos habilidosas. Este vinho ganhou medalha de ouro no Catad’Or Hyatt 2007 e prata no Mundus Vini 2008, na Alemanha.
NOTAS DE DEGUSTAÇÃO: Profundo vermelho-rubi com reflexos de cor púrpura. Ao nariz percebe-se elegantes notas de tabaco, chocolate e baunilha. Vinho pleno, com grande intensidade aromática, redondo, equilibrado e com camadas complexas de aromas e sabores frutados. Taninos firmes e macios. Estagiou por 18 meses em carvalhos francês, americano e húngaro, os quais adicionaram notas de café, caramelo e chocolate. Complementado por um final frutado e prolongado.

Na sequência degustamos 02 australianos excelentes: Dow Onder Shiraz, um daqueles vinhos perfeitos em cor, aroma sabor e preço baixo; Thee Steps Cabernet sauvignon, um aroma fantástico e boca super equilibrada e macia aliado a excelente preço! Agora, um dos vinhos que verdadeiramente mais impressionou, não só á mim, como a todos os que lá estavam (álias quem me apresentou esse vinho foi meu amigo Álvaro Cesar Galvão) foi o excelente e inesquecível CALABRIA, um vinho diferente de tudo o que já tomei, inebriante, macio, perfumado, sexy.... A casta é raríssima, a francesa Saint Macaire. Seguem as informações detalhadas do vinho em questão, que em breve com certeza estará disponível na VIEIRA VINHOS

REGIÃO: Riverina (Nova Gales do Sul)
TIPO: Vinho Tinto, 100% Saint Macaire
ÁLCOOL: 14,0%

HISTÓRICO: Apesar de ser portador de uma rara alergia causada pelos ácidos no vinho que o impede de engolir esta bebida, a visão e determinação de Bill Calabria colocam-no no topo da lista dos produtores que elevaram enormemente a qualidade dos vinhos elaborados em Riverina nos últimos anos. Estabelecida em 1945 por seus pais, imigrantes italianos, em Griffith, no coração de Riverina, Westend produz cerca de cinco milhões de litros por ano. Riverina é a segunda maior região produtora da Austrália e de lá saem 70% dos vinhos do Estado de Nova Gales do Sul, sendo famosa por seus vinhos de sobremesa estilo Sauternes.
Saint Macaire é uma variedade tão rara que dificilmente encontra-se menção em livros especializados. Leva o nome de um charmoso vilarejo francês de Bordeaux, mas hoje se encontra extinta na região. Westend, em apenas dois hectares, é uma das únicas vinícolas no mundo a produzir, de forma comercial, esta cepa. A safra de 2004 recebeu 90 pontos de James Halliday e Blue Gold Medal - 2005 Sydney International Top 100. A safra de 2006 ganhou medalha de prata no Perth Royal Wine Show e bronze no Royal Hobart International Wine Show 2007.
NOTAS DE DEGUSTAÇÃO: Intensa e profunda cor vermelho com halo violáceo. Mostra aroma fragrante de violetas, pétalas de rosas e especiarias, que são atributos únicos da variedade Saint Macaire. Vinho encorpado que exibe fruta madura e especiarias, além de boa integração com o carvalho. O paladar é macio, com acabamento cálido e grande persistência, além de taninos refinados. Estagiou por doze meses em carvalho francês. Acompanha tapas, queijo Cheddar vintage, carnes de caça com ervas frescas, especialmente tomilho, sálvia e alecrim.
ENVELHECIMENTO: Pronto para ser degustado, mas tem potencial para ser adegado por dez anos.
Um vinho sem dúvida inesquecível.
E em relação ao evento, eu que nem era fã dos australianos agora sou uma das primeiras e levantar a bandeira para o vinho da terra dos cangurus!