Dia desses passei pelo dissabor
de estar em um restaurante com meu marido, eu mesma escolher o vinho e quando o
garçom veio trazer a bebida, ignorou-me solenemente dando a prova do vinho ao
meu companheiro. Meu marido, já acostumado a esses “escorregões” das mal
treinadas equipes de restaurantes, passou-me a taça, porém ainda tive que
suportar a cara de desdém do “profissional” que nos servia, como se parecesse
dizer: “Só me faltava essa, uma mulher que entende de vinho.”
O mau serviço de
vinhos não é novidade em lugar nenhum do mundo, eu mesma já treinei equipes de
garçons em restaurantes famosos e convivi de perto com a “surpresa” desses
homens ao perceber que uma mulher não entendia somente de refrigerante light!
Quem acha que
mulher não entende de vinho, além de preconceituoso é desinformado, demonstra
uma imensa ignorância sobre a história do vinho. Com certeza nunca ouviu falar
das grandes damas de Champagne, como Louise Pommery, madame Lilly Bollinger e a
viúva Clicquot (esta muitas vezes mais conhecida como a velhinha de touca na
tampinha do champagne que ostenta seu nome). Aliás, falando diretamente sobre a
viúva Clicquot, esses mesmos desinformados devem ignorar também o fato de que
foi ela, a velhinha da touca, que descobriu o método de eliminar as borras de
dentro do champagne, o método remouage.
Esses seres
guturais que ignoram a sapiência de uma mulher no vinho, também não devem saber
nada sobre a maravilhosa Madame Pompadour que disse que: “O champagne é a única
bebida que deixa as mulheres ainda mais bonitas”. Ou de Maria Antonieta, cujos
seios serviram de molde para taças nas quais eram servidas o borbulhante
líquido. Sem falar na grande avaliadora de vinhos Jancis Robinson, a minha
querida professora Karina Cooper ou a escritora Karen MacNeil, responsável por
uma das mais completas obras literárias de vinho do mundo e escritoras de
vários livros que são reverenciados pelos enófilos; além de outras tantas
enólogas que fazem vinhos maravilhosos, que certamente muitos homens tomam de
joelhos. Caso de Laura Catena, que elabora os famosos vinhos de Catena e Luca;
Suzana Balbo, que produz sensacionais Malbecs;
Maria Luz Marin da premiadíssima Casa Marin, no Chile; Felipa Pato, que tem encantado os paladares
do mundo com seus vinhos portugueses com toques novo-mundistas; Lalou
Bize-Leroy denominada a rainha da
Borgonha, com vinhos que se iniciam na
casa dos U$ 500; além é claro, das já citadas damas de champagne, entre muitas
outras enólogas que estão cada vez mais encantando os paladares do mundo com
vinhos cheios de sutileza, elegância e mistério!
O sucesso e o
crescimento da participação das mulheres no mundo do vinho deve-se, sobretudo,
a uma maior sensibilidade, tanto na parte sensorial, pois sentimos aromas e
sabores com mais facilidade, quanto na parte intelectual, pois as mulheres
acabam se dedicando mais a pequenos detalhes, lendo mais e ouvindo mais, com
isso a busca por informações acaba não cessando com a simples conclusão de um
curso. A sede de saber das mulheres é naturalmente mais forte que a dos homens,
e alia-se a isso ainda o fato de a mulher ser mais humilde e querer aprender
mais.
Não estou querendo
fazer apologia ao feminismo, longe de mim! Mas experimente em um restaurante
comparar o atendimento de um sommelier e de uma sommelière,
depois vocês me contam do que gostaram mais!
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