Aqui você já entra aprendendo, o feminino de sommelier é sommelière, então não estranhe o nome do blog e nem pense que está errado!
Resolvi criar esse blog como uma maneira de dividir informações preciosas com apaixonados pela arte de Bacco. Aqui vocês encontraram alguns textos meus e outros que eu garimpo por ai e julgo itneressantes para dividir com vocês!
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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

GLERA - Você já tomou muitos vinhos com essa uva!

Não é novidade, mas só agora julguei oportuno falar disso: Os italianos passam a chamar de "Glera" a cepa Prosecco e reservam o termo "Prosecco" para o nome de uma vasta região produtora demarcada.
Em razão disso, esqueça quase tudo o que você aprendeu sobre o 'Prosecco' - o leve e despretencioso espumante elaborado na região do Vêneto, no norte da Itália. Até agora, todos os livros e cursos sobre vinhos italianos ensinavam que "Prosecco" era tanto o nome do espumante quanto da uva usada exclusiva ou majoritariamente em sua elaboração.
Desde o dia 01 de Agosto'2009, 'Prosecco' deixou de ser oficialmente o nome da uva branca empregada neste espumante. A variedade, diz a nova legislação penisular que acaba de entrar em vigor, passou a se chamar "Glera", nome com o qual a uva era conhecida na vizinha região do Friuli-Venezia Giulia, perto da fronteira com a Eslovênia.
As mudanças não param por aí... A região clássica, historicamente associada à produção do espumante, ao norte da cidade vêneta de Treviso, entre as colinas de Conegliano e Valdobbiadene, foi promovida da condição de DOC (Denominazione di Origine Controllata), em que estava há exatos 40 anos, para a de DOCG (Denominazione di Origine Controllata e Garantita). Ao menos na letra fria da lei, as áreas que são DOCG deveriam produzir vinhos de maior qualidade do que uma DOC, embora essa definição seja realmente mais técnica do que prática. E tem mais!.. A vasta zona mais plana em que se produzia Prosecco dentro da categoria IGT (Indicazione Geográfica Típica), a que legalmente possui menos restrições e controles de qualidade, foi elevada à condição de DOC e estendida a ponto de incluir áreas do Friuli, distantes mais de 130 km da área vêneta historicamente associada ao Prosecco.
O aumento da área produtiva veio, obviamente, corrigir uma omissão do passado: os italianos agora nos ensinam que a uva Prosecco (ou seja, a Glera) é, na verdade, originária de uma localidade friulana, distante 10 km do centro da cidade de Trieste, chamamada Prosecco.
O novo cenário, bastante artificial, está criado e seu objetivo é claro: proibir o uso da palavra "Prosecco" nos rótulos de espumantes elaborados fora das zonas delimitadas de produção no Vêneto e no Friuli. Como era nome de uma uva, o termo Prosecco podia ser utilizado por produtores de qualquer parte do mundo no rótulo de espumantes feitos com essa variedade. Agora, numa canetada, Prosecco deixou de ser legalmente uma cepa vinífera e ganhou a condição de DOCG e de DOC, ou seja, Prosecco virou oficialmente a designação de uma denominacão de origem, de uma região produtora demarcada, um conceito protegido pela legislação europeia. Em suma, a estratégia é a mesma utilizada no início do século passado pelos franceses para garantir o uso exclusivo do nome "Champagne" nos espumantes produzidos na região das cidades de Reims e Épernay. A única diferença, nada desprezível, é que a palavra "Champagne" sempre foi usada no passado (e no presente!) para evocar uma região, enquanto o vocábulo "Prosecco", consagrado como nome de uva, nunca foi empregado para evocar uma zona de produção.
Enfim, a nova regra (legal) está efetivada e será posta em prática imediatamente...
Eu por minha vez vou contiuar a tomar Prosecco com meus combinados de sushi e sashimi!

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