Aqui você já entra aprendendo, o feminino de sommelier é sommelière, então não estranhe o nome do blog e nem pense que está errado!
Resolvi criar esse blog como uma maneira de dividir informações preciosas com apaixonados pela arte de Bacco. Aqui vocês encontraram alguns textos meus e outros que eu garimpo por ai e julgo itneressantes para dividir com vocês!
Entre. leia, se apaixone e fique a vontade, a casa é sua!

sexta-feira, 24 de junho de 2016

CAVE DE PEDRA - ATENDIMENTO IDEM!




Esta semana, a fim de montar uma brincadeira eno-gastronômica fomos em busca de espumantes para combinar com torresmos caseiros. Afinal, nada melhor de que um refrescante e vivido espumante para domar o peso e a gordura de um delicioso torresmo. Em nosso caminho para casa passamos na frente de umas 4 vinícolas  e elegemos uma delas pelo acaso de ser uma das que nos lembrava os bons momentos de nossa lua de mel.
Em 2001 quando conhecemos a Vinícola Cave de Pedra ela era um bebê com menos de 04 anos e ainda estava em processo de construção. Fomos atendidos pessoalmente pelo enólogo/proprietário que nos mostrou a vinícola, falou de sua historia e nos apresentou excelentes espumantes, que na época eram o único foco da vinícola. Saímos de lá com 2 caixas de espumante que nos renderam excelentes momentos na volta a São Paulo. 
6 anos depois quando compramos nossa loja de vinho a Vinícola  foi uma das lembradas para fazer parte de nosso portfólio de produtos. Infelizmente abrimos mão dela em virtude dos altos impostos. 
Quando viemos morar efetivamente aqui no Sul visitamos a Cave de Pedra e já percebemos que algo havia mudado, não mais havia acolhimento familiar e sim a frieza dos funcionários que lá estavam. O ápice aconteceu nesta quinta feira, dia 23, ao resolvermos ir lá buscar um espumante para nossa aventura eno-gastronômica. Chegando lá fomos direto ao varejo, desprezando a área de degustação que normalmente é a primeira frequentada pelos sedentos turistas, fomos diretamente ao varejo pois nossa intenção era realmente comprar. Lá fui recepcionada por uma atendente que nem ao menos sabia pronunciar o nome das uvas, para se ter ideia ela pronunciava chardonnay como se lê...... autólise por exemplo devia ser um tipo de palavrão para ela!
Diante dos preços muito salgados nas prateleiras perguntei se eles não tinham uma politica diferenciada para os moradores da região, (pois na maioria das vinícolas que frequento essa atitude é normal) ela riu já se afastando de volta ao balcão e disse que não com ar de deboche e desprezo, nem ao menos questionou se eu iria comprar 01 garrafa ou 01 caixa. Diante dessa atitude tão delicada e profissional agradeci e ia saindo quando ouvi a garota do caixa dizer de mim com desdém  " que tipo".
O motivo desse post desabafo é tentar entender o porque as vinícolas investem tanto em marketing visual e de produtos e tão pouco na contratação de bons profissionais? Porque uma vinícola cresce e deixa-se tomar pela frieza no atendimento ao consumidor?
Contando meu caso na empresa onde trabalho recebi feed backs ainda piores do atendimento na Cave de Pedra, quase todos me contaram que foram mal atendidos. Indelicadeza e frieza parecem ser o mote do atendimento da empresa. Andei lendo o site da vinícola e a todo momento eles frisam com orgulho o atendimento especializado. O que me entristece é saber que sou apenas mais uma a ser mal atendida em meio a  tantos que saem de lá insatisfeitos com a atendimento, será que os proprietários sabem o que acontece dentro das paredes de pedra de sua vinícola? Será que tem ideia que  seus funcionários também fazem um atendimento frio, duro e impessoal como pedra?
Não sei como está qualidade dos produtos da vinícola ultimamente pois há anos não os degusto, mas torço para que eles não tenham seguido o caminho que o atendimento tomou!
E você? Tem alguma historia para nos contar sobre sua visita a Cave de Pedra ou a qualquer outra vinícola do Vale dos Vinhedos? Deixe sua história aqui nos comentários!


sábado, 11 de junho de 2016

OS CICLOS DA VIDEIRA

Matéria de minha autoria publicada na Revista BEM MAIS



Sou uma grande entusiasta das temperaturas mais frias. Me torno o melhor dos seres humanos no auge do inverno e muitas vezes me olham como se eu fosse louca por isso!
2015 vai ser lembrado como uma das piores safras da Serra Gaúcha, tudo porque em 2015, para alegria de alguns, tivemos o inverno mais quente dos últimos anos e para piorar houve também muita chuva e queda de granizo, essa, vinda exatamente na época de brotação, quando muitos agricultores achavam que podiam ainda salvar alguma coisa.
Então essa materia vai especialmente para você que ama vinho e odeia frio. Espero que depois de ler essas linhas entenda o quanto o frio é determinante para uma boa safra, e espero ver até em seu rosto um sorriso de alivio quando as temperaturas baixarem de 14º.
A videira é uma planta de ciclos bem definidos, ciclos esses que se guiam pelas 4 estações do ano.


O ciclo da videira pode variar desde 130 dias nas regiões mais quentes a mais de 200 dias para os climas frios, na diferença desses dias para que se feche o prazo de 01 ano, a videira hiberna, repousa e isso só se dá a contento nas temperaturas baixas de um bom inverno. A dormência, ou hibernação é a fase mais importante, diria até, determinante para a qualidade da safra. Para que a planta efetue um boa hibernação é necessário um inverno rigoroso, com temperaturas bem abaixo dos 10ºC, e temperatura interna de solo inferiores a 5ºC, caso não haja inverno na região, os vinicultores induzem a dormência pela suspensão de fornecimento de água a planta, mas isso é assunto para outra matéria....

Quando as temperaturas começam lentamente a aumentar na primavera, se inicia a fase de brotação que é primeiramente precedida pelo "choro da videira" . Esse belo fenômeno se dá quando o solo se aquece e as raizes entram em atividade, absorvendo soluções minerais e água que vão criando pressão dentro do caule. Os corte efetuados na poda de inverno servem de escape para seiva que escorre principalmente nas primeira horas da manhã. A quantidade de "choro" de uma videira pode chegar até 1 litro por dia.
Depois do choro vem a brotação que constitui no verdadeiro despertar fenológico da planta depois da dormência invernal. Os gomos latentes começam a inchar e eclodir na extremidade dos sarmentos fazendo surgir as primeiras folhas. A velocidade de crescimento depende da temperatura e umidade do solo. Acima de 25ºC a planta entra em estagio de intensa atividade fisiológica, cresce ao seu máximo e em até 13 semanas do incio da brotação começa outro ciclo que é o da floração. A chuva nessa época é muito temida, não só pelo fato de poder diminuir a temperatura do solo como também diluir o polem das flores, extremamente necessários para fertilizar a flor e fazer surgir os cachos que começam a crescer e inchar . Algumas semanas depois, com mais ou menos metade de seu tamanho natural começa a fase do pintor, ou seja, o cacho começa a mudar de cor e isso marca o inicio de uma nova fase que se chama maturação. Os bagos da vinha deixam de ser verdes e duros e passam a ter elasticidade e cor. Nessa fase são necessárias longas horas de sol para que haja acumulação de açúcar e perda de acidez. A maturação necessita de um verão quente e seco.
Finalmente, finalizada a maturação vem a fase da colheita e a uva segue para seu destino final que é a transformação em vinho.
Com a chegada do outono inicia-se a queda da folhas, o vinicultor procede a poda no incio do inverno e a videira emtra em hibernação.
Depois dessa máteria será que você, amante do vinho, ainda vai reclamar do frio?

Luciana Freire
Sommelière - ABS SP

www.sommelierenarede.blogspot.com.br