Aqui você já entra aprendendo, o feminino de sommelier é sommelière, então não estranhe o nome do blog e nem pense que está errado!
Resolvi criar esse blog como uma maneira de dividir informações preciosas com apaixonados pela arte de Bacco. Aqui vocês encontraram alguns textos meus e outros que eu garimpo por ai e julgo itneressantes para dividir com vocês!
Entre. leia, se apaixone e fique a vontade, a casa é sua!

sábado, 21 de dezembro de 2024

FESTA ENOGASTRONÔMICA



A chegada de dezembro anuncia a chegada de uma época que não deixa ninguém impassível. Época de festas, o fechamento de um ano, o encerramento de mais uma fase da vida. Dezembro é repleto de significados!
Uma das épocas em que mais se consome vinho no Brasil, pois até os cervejeiros se voltam para o vinho visando enobrecer as comemorações, pois pratos presentes nas mesas tanto no Natal quanto no Réveillon exigem a companhia de um bom vinho.
Mas como fazer bonito nas festas de fim de ano realizando a compatibilização perfeita? Esse artigo foi escrito com muito carinho e dedicação para ajuda-lo nessa árdua, mas deliciosa tarefa!
A arte de combinar vinho e comida dá-se o nome de enogastronomia. Enogastronomia nada mais é do que ressaltar as qualidades de um vinho com um prato ou vice-versa.
A regra que manda compatibilizar vinhos tintos com carnes e vinhos brancos com peixes e frutos do mar tem sua lógica, mas comporta também muitas exceções. É mais verdadeira para os tintos que certamente não tem lá muita afinidade com peixes e coisas marinhas, mas os brancos podem muito bem acompanhar carnes seja elas vermelhas ou brancas.
Uma forma fácil de enogastronomia é o que chamamos de “compatibilização étnica”, ou seja combinar um prato típico de uma região com um vinho também típico. Nesse caso temos o exemplo das massas italianas sempre bem acompanhadas de um bom Chianti ou Valpolicella, ou ainda o caso do tradicional cordeiro assado acompanhado de um belo Bordeaux tinto! Mas é logico que existem por trás dessa simplicidade inúmeros fatores que podem exigir um certo conhecimento técnico.
Se no preparo da receita o vinho entrar em quantidades consideráveis ele ditará o que ira a mesa, uma perdiz cozida ao vinho tinto vai pedir a companhia de um tinto, já um “coq au Riesling” ficara melhor acompanhado de um vinho branco!
Para o tradicional leitão assado de final do ano o que precisamos? A carne do leitão é delicada, porém bastante gordurosa isso pede um tinto de corpo médio com boa acidez a exemplos dos vinhos elaborados com Tempranillo, Baga e Merlot. Já o lombo de porco assado sem muitos temperos, normalmente marinado em vinho branco vai pedir a companhia de um branco de alta classe como um Chardonnay barricado do Novo Mundo ou um intenso Gewustraminer ou Viogner!
As entradas ou acepipes, facilmente presentes nas festas de fim de ano podem ser facilmente compatibilizadas sem preocupações com espumante brut, branco ou rosê. O espumante é um vinho extremamente versátil que tem ampla gama de compatibilizações! O mais importante nesse caso é o cuidado com a temperatura, sempre o tenha disponível imerso em um balde de gelo e água!
Os peixes e frutos do mar indiscutivelmente pedem brancos, no máximo podem ser abertas exceções para tintos com poucos taninos como o Pinot Noir. Os crustáceos, lagostas e camarões pedem a companhia de grandes brancos como os de Bordeaux, Borgonhas, excelentes e minerais Riesling ou ainda carnudos Semillon australianos. O bom senso dita a regra de combinação de vinhos brancos com peixes, um delicado linguado pede um branco mais leve, já o gorduroso salmão vai preferir a companhia de um branco mais encorpado ou ate mesmo um tinto leve.
O bacalhau é um caso a parte. Seu sabor que pode variar do delicado ao agressivo e salgado admite a companhia de tintos e brancos. No caso tintos leves ou brancos encorpados, ou a perfeição de um vinho rose que traz a mesa do melhor dos dois vinhos. O vinho verde parece ser a combinação perfeita porem nem sempre possui “corpo” suficiente para enfrentar a força do bacalhau, então cuidado com essa escolha!
Outros pratos simples porém bem tradicionais nessa época do ano:
TENDER: A compatibilização com esse prato é complicada. Pense bem, carne suína defumada, normalmente assada com especiarias e acompanhada de molhos agridoces, mas há salvação se optarmos por um vinho tão exótico quanto a preparação como um Riesling alemão Spätlese ou um Auslese ou um Gewustraminer.
PERU: Acompanha tinto leve como Pinot Noir, Garnacha,, mas a aposta certa seria a compatibilização do prato com um bom rosê. A preparação com molhos agridoces cairia melhor com espumante brut ou um prosecco.

Acho que conseguimos abordar uma ampla gama dos pratos festivos dessa época, no entanto caso ainda reste dúvida me coloco a disposição dos leitores! No mais um excelente final de ano e que 2025 seja um ano repleto de sucesso e realizações em sua vida!


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sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

VINHO: Quanto mais velho melhor?

 


O envelhecimento é uma característica única dos vinhos. Nenhuma outra bebida consegue melhorar após pronta. Com o envelhecimento, os aromas, estrutura e outras características do vinho mudam, deixando a bebida completamente diferente do que ele era quando foi engarrafado.

Na Grécia antiga e na época do Império Romano, vinhos envelhecidos por muitos anos eram apreciados pela elite da época. O vinho mais famoso da Roma antiga, o Falernum, era um branco da atual região da Campania que costumava ser consumido apenas depois de 10 anos!

É claro que a grande maioria dos vinhos da antiguidade era consumida em poucos meses, já que tinham pouco corpo e oxidavam rapidamente, mas o prazer de beber um grande vinho envelhecido já era uma realidade na antiguidade, mesmo com as técnicas ancestrais de produção.


Um dos maiores mitos do vinho é a tese de que quanto mais velho melhor! Menos de 1% da produção mundial de vinhos se destinam a longa guarda, a maioria absoluta dos vinhos que compramos deve ser tomada no prazo máximo de 05 anos, pois a grande maioria deles já são lançados no mercado prontos para ser consumidos.

A grande maioria desses tintos, brancos e rosados mostram melhor suas qualidades quando ainda jovens, enquanto o frescor no palato e os aromas de fruta continuam vivos e exuberantes. Para um vinho poder envelhecer, ele precisa ter algumas características que permitam que ele demore mais tempo para oxidar. A acidez é um dos componentes que podem garantir ao vinho uma grande longevidade.

Mesmo os brancos mais delicados, quando têm uma boa acidez, são capazes de durar décadas em uma boa adega. É o caso, por exemplo, dos Rieslings alemães ou do vinho português Buçaco. Outro fator que garante um bom envelhecimento é a quantidade de componentes fenólicos, principalmente os taninos: quanto mais taninos, mais tempo o vinho consegue aguentar. Geralmente os brancos fermentados e os tintos maturados em barricas de carvalho também aguentam melhor o passar dos anos.

O vinho para envelhecer tem que reunir TODOS os seguintes fatores:

  • Vir de um vinhedo antigo e de baixa produção
  • A uva tem que ser de excelente qualidade, sem ter absolutamente nenhum defeito.
  • Vir de uma safra absolutamente perfeita
  • Ter uma boa graduação alcoólica
  • Ter acidez suficiente
  • Ter taninos robustos e maduros
  • Passar por barricas novas de carvalho.
Pelas exigências acima descritas pense bem se aquele vinho que você está guardando a 10 anos para um momento especial atende a todos os requisitos?
Um vinho que atende a todos esses requisitos com certeza vai custar caro, normalmente bem mais de U$$ 100 por garrafa.
No envelhecimento o vinho polimeriza seus taninos e perde acidez, dai a importância dele ter acidez e taninos equilibrados. Um vinho com muito tanino e baixa acidez se perderá no envelhecimento, se tornando um vinho “chato” pois a perda de acidez no envelhecimento o desequilibrará. Essa é uma das razões também pela qual pouquíssimo vinhos brancos envelhecem bem, eles perdem acidez mas não tem taninos para os proteger da oxidação que é um passo natural no processo de envelhecimento.
Eu mesma passei pelo dissabor de guardar algumas garrafas de vinho para acompanhar seu envelhecimento. Em uma viagem a Argentina adquirimos na Catena,  um vinho que foi especialmente elaborado para o bicentenário de uma famosa revolução. Trouxemos 03 garrafas. O enólogo nos alertou que era para abrir o vinho a partir de 2010, A primeira garrafa tomamos 2 anos antes, o vinho se mostrava muito bom, porém ainda tinha taninos rebeldes e uma acidez demasiada elevada. Em 2010 abrimos outra garrafa, o vinhos estava maravilhoso, a acidez se equilibrara, mas havia uma pontinha ainda de taninos rebeldes. A terceira garrafa foi literalmente esquecida dentro de nossa adega e foi degustada o ano passado.... pura decepção, percebia-se perfeitamente que o vinho tinha entrado em declínio, os taninos já quase não existiam, a acidez se foi, só restou um aroma maravilhoso mas que não se confirmava em taça. 
Para efeitos de exemplo bem básico, podemos nivelar os vinhos por preços:
  • Nenhum vinho abaixo de U$$ 10 tem que envelhecer, tome-o já, imediatamente, agora, e aproveite a sua juventude, ele te dará bons momentos no máximo por 03 anos!
  • Vinhos até U$$ 30 podem envelhecer por até 05 anos.
  • Vinhos acima de U$$ 50 normalmente tem estirpe e podem se beneficiar de um envelhecimento acima de 05 anos.
Mas como guardar um vinho de maneira que ele amadureça tranquilamente?
Em se falando de Brasil é essencial uma adega climatizada ou uma adega subterrânea. Os vinhos devem descansar em ambientes escuros, silenciosos e sem trepidações, com umidade controlada e temperaturas abaixo de 16ºC.
Uma outra coisa muito importante: se for guardar um vinho compre-o na própria vinícola, converse com o enólogo, saiba dele o potencial de envelhecimento do rótulo que você está levando para casa.

O vinho é um ser vivo e lembre-se que nem todo mundo envelhece bem!


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