Ontem,depois de uma
degustação, dita dirigida por uma suposta sommeliere , que falou
mais besteiras em 1 hora do que pude ouvir em 02 anos, eu me pus a
pensar no que se tornou o título de sommelier hoje em dia.
Quando eu me formei pela
ABS-SP há 13 ou 14 anos atrás, o curso de sommelier profissional
era filiado a ASI e só entrava quem era indicado e trabalhava no
ramo de restaurantes, lojas ou importadoras de vinhos. Na época eu
fui indicada a ABS por um um dos melhores enólogos do Brasil e
prestava serviço a uma Vinícola que nasceu boutique e hoje se
tornou referência em espumantes: A Cave Geisse, na época Cave de
Amadeu.
Minha trajetória no mundo
dos vinhos sempre foi como a minha vida: passional e muitas vezes
instavel.
Sempre fui movida a paixão
por novos horizontes e oportunidades e isso me fez ter experiências
infinitas no mundo do vinho. Sai da estabilidade de trabalhar como
sommeliére de uma grande importadora para gerenciar uma loja e logo
depois me tornar proprietária dessa loja durante 08 didáticos anos,
aprendi que ser dona do próprio negócio pode se transformar no pior
pesadelo que alguém pode ter.
Eu geria a loja com a mesma
paixão que tinha pelos vinhos, e assim fiz péssimos negócios
movidos apenas pela meu gosto pessoal e o final todos devem
saber...uma loja que fali tentando fazer o mundo entender que o vinho
também encontrava eco na produção nacional.
Meu destino e meus passos me
levaram diretamente ao polo vitivinícola do Brasil, acabei
abandonando SP e vindo morar em plena Serra Gaucha.
Hoje sou uma sommeliére que
abandonou a profissão propriamente dita, sou uma vendedora, de
vinhos, mas uma vendedora. Extravaso minha paixão em muitos dos
diálogos que tenho com clientes, mas nutro dentro de mim a
necessidade de agregar ao dia dia do vinho nacional.
Tenho conhecimento, sei que
o sommelier é o par perfeito do enólogo, pois o enólogo com seu
conhecimento faz o vinho, porem não existe vinho perfeito, e
havendo falhas, mesmo que pequenas um sommelier sabe sana-las com uma
compatibilização perfeita, Defeitos e qualidades podes ser
suplantadas ou enaltecidas com o conhecimento de um sommelier, e não
querendo me gabar, mas eu sei sim exatamente fazer isso. Não existe
vinho ruim, existe vinho mal compatibilizado!
Moro hoje em plena Serra
Gaucha e convivo com os melhores enólogos do Brasil, quiça da
América do Sul, eles sabem o que produzem, falam de sua profissão
com paixão,mas muitoas vezes na apresentação de seu vinho
pecam...... pecam pura e simplesmente por escolher mal o que
acompanha o néctar de Baco e várias vezes os vejo condenar um
produto perfeito por conta de uma compatibilização mal feita.
Ser sommelier não é só
ter o diploma da instituição A ou B, ser sommelier é entender a alma
do vinho, é estudar sempre, é estar sempre atenta as mudanças de
clima, de nuances, degustar sempre, não só o produto brasileiro, mas estar sempre aberto a atento as tendencias mundiais. Ser
sommelier é arriscar, é ousar é experimentar sempre.
Um bom sommelier saberá
sempre exaltar as qualidades e minimizar os defeitos de um vinho.....
Na terra do vinho faltam sommeliers de verdade e sobram vinhos a
espera de serem endeusados pela compatibilização perfeita.
E eu nessa historia toda, como fica a sommelier internacional que voz escreve? Aqui, sou simplesmente uma
vendedora.