Aqui você já entra aprendendo, o feminino de sommelier é sommelière, então não estranhe o nome do blog e nem pense que está errado!
Resolvi criar esse blog como uma maneira de dividir informações preciosas com apaixonados pela arte de Bacco. Aqui vocês encontraram alguns textos meus e outros que eu garimpo por ai e julgo itneressantes para dividir com vocês!
Entre. leia, se apaixone e fique a vontade, a casa é sua!

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

PRIMAVERA ROSA

Quero homenagear a chegada da primavera falando de um vinho que é a cara dessa estação: O vinho rosê!
Há duas décadas atras, este vinho foi sucesso no Brasil. Era sinônimo de elegância e requinte, principalmente para as mulheres. E já nesta época, sofreu seu primeiro preconceito: passou a ser visto como um vinho apenas para mulheres. Era tão sutil e tão leve que quase não guardava o sabor do vinho, bebida que era então considerada para homens. Até quem não gostasse de vinho poderia tomar um rosê. Essas bebidas eram originárias principalmente da Europa, mais precisamente França, Portugal (quem nunca tomou o famoso Mateus Rosê?) e Espanha. O segundo preconceito, atrelado ao rosê é o fato de ter a fama de ser um vinho que dava dor de cabeça.
Por sua delicadeza o rosé viaja mal, pois não conta com a força dos taninos para se manter a salvo das intempéries. Para agüentar a viagem e para conservar-se melhor ao longo de tempo, é necessário uma dosagem um pouco mais alta de SO2, ou seja, enxofre, que é adicionado em quase todos os vinhos como conservante. E é isso que pode, em algumas pessoas mais sensíveis, provocar certo mal estar, por essa razão algumas pessoas queixam-se de dores de cabeça ao ingerirem vinhos brancos e rosês, pois estes vinhos por serem mais delicados, necessitam de doses mais altas desse conservante.
Hoje em dia, com o advento de técnicas cada vez mais avançadas de vinificação, o consumo de rosês voltou a moda e sem o preconceito de outrora. Hoje os rosês são vinhos de altíssima qualidade, apresentam os aromas dos tintos de forma mais sutil, como frutas vermelhas, groselha, alguns florais como a violeta. Na boca, tem o frescor de um branco, com acidez marcante, às vezes com um pouquinho de gás residual da fermentação, o que lhes confere mais jovialidade e são excelentes como curingas, pois podem acompanhar uma infinidade de pratos que os tintos e os brancos não poderiam fazer par perfeito. Um caso típico é a tradicional paella valenciana.
Os rosés caracterizam-se por sua cor rosada, intermediária entre os tintos e os brancos. Esta cor pode variar de um rosa alaranjado tipo casca de cebola e salmão, passando por um cereja a clarete. Isso depende muitos das uvas e das técnicas de fermentação. Ele é resultante da fermentação do suco ou mosto extraído das uvas tintas com a finalidade de se atribuir um leve toque rosado de cor e sabor levemente tânico à bebida. O vinho rosé propriamente dito é elaborado a partir de uva tinta e não por meio de corte de vinho branco com vinho tinto.
Normalmente, os vinhos rosés são vinificados pelo método de maceração curta, ou seja, vinifica-se como os vinhos tintos, partindo-se de uvas tintas, deixando-se o mosto em contato com as uvas por um período mais curto de tempo – três a 24 horas – , dependendo da tonalidade de cor desejada pelo produtor. Logo depois macerada, a uva é prensada e o mosto é decantado. A partir desse momento, ocorre o início da fermentação alcoólica e o processo de elaboração do vinho rosé segue idêntico a elaboração clássica dos brancos: o líquido vai para uma cuba de aço inoxidável, onde se obtém aromas frutados e frescos, ou a decisão do enólogo pode ser a de estagiar o líquido em barricas de carvalho. Raros são os vinhos rosês com passagem em barricas, pois a intenção do rosê é extravasar toda a intensidade de fruta da casta, e isso algumas vezes se perde com o estágio em barricas.
Mas o que nos interessa mesmo é o sabor! Brindar a primavera da melhor e mais bela maneira possível, com um rose homenageando as flores que brotam em cada canto! O rose tem o sabor da primavera, é colorido, fresco, agradável, bonito e despretensioso! Escolha seu estilo em tons de rosa, prefere espumante ou vinho tranqüilo? Sempre haverá um rosê na medida para seu paladar!


Minhas sugestões:

Valmarino Espumante Rose Brut (Brasil)
Casa Pedrucci Espumante rose ( Brasil)
Nieto Senetiner Rosê (Argentina)
Rose de Loire (França)
Marques de Aldaz Rosê de Garnacha (Espanha)

Vinhos disponíveis na Vieira Vinhos (www.vieiravinhos.com)

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

GLERA - Você já tomou muitos vinhos com essa uva!

Não é novidade, mas só agora julguei oportuno falar disso: Os italianos passam a chamar de "Glera" a cepa Prosecco e reservam o termo "Prosecco" para o nome de uma vasta região produtora demarcada.
Em razão disso, esqueça quase tudo o que você aprendeu sobre o 'Prosecco' - o leve e despretencioso espumante elaborado na região do Vêneto, no norte da Itália. Até agora, todos os livros e cursos sobre vinhos italianos ensinavam que "Prosecco" era tanto o nome do espumante quanto da uva usada exclusiva ou majoritariamente em sua elaboração.
Desde o dia 01 de Agosto'2009, 'Prosecco' deixou de ser oficialmente o nome da uva branca empregada neste espumante. A variedade, diz a nova legislação penisular que acaba de entrar em vigor, passou a se chamar "Glera", nome com o qual a uva era conhecida na vizinha região do Friuli-Venezia Giulia, perto da fronteira com a Eslovênia.
As mudanças não param por aí... A região clássica, historicamente associada à produção do espumante, ao norte da cidade vêneta de Treviso, entre as colinas de Conegliano e Valdobbiadene, foi promovida da condição de DOC (Denominazione di Origine Controllata), em que estava há exatos 40 anos, para a de DOCG (Denominazione di Origine Controllata e Garantita). Ao menos na letra fria da lei, as áreas que são DOCG deveriam produzir vinhos de maior qualidade do que uma DOC, embora essa definição seja realmente mais técnica do que prática. E tem mais!.. A vasta zona mais plana em que se produzia Prosecco dentro da categoria IGT (Indicazione Geográfica Típica), a que legalmente possui menos restrições e controles de qualidade, foi elevada à condição de DOC e estendida a ponto de incluir áreas do Friuli, distantes mais de 130 km da área vêneta historicamente associada ao Prosecco.
O aumento da área produtiva veio, obviamente, corrigir uma omissão do passado: os italianos agora nos ensinam que a uva Prosecco (ou seja, a Glera) é, na verdade, originária de uma localidade friulana, distante 10 km do centro da cidade de Trieste, chamamada Prosecco.
O novo cenário, bastante artificial, está criado e seu objetivo é claro: proibir o uso da palavra "Prosecco" nos rótulos de espumantes elaborados fora das zonas delimitadas de produção no Vêneto e no Friuli. Como era nome de uma uva, o termo Prosecco podia ser utilizado por produtores de qualquer parte do mundo no rótulo de espumantes feitos com essa variedade. Agora, numa canetada, Prosecco deixou de ser legalmente uma cepa vinífera e ganhou a condição de DOCG e de DOC, ou seja, Prosecco virou oficialmente a designação de uma denominacão de origem, de uma região produtora demarcada, um conceito protegido pela legislação europeia. Em suma, a estratégia é a mesma utilizada no início do século passado pelos franceses para garantir o uso exclusivo do nome "Champagne" nos espumantes produzidos na região das cidades de Reims e Épernay. A única diferença, nada desprezível, é que a palavra "Champagne" sempre foi usada no passado (e no presente!) para evocar uma região, enquanto o vocábulo "Prosecco", consagrado como nome de uva, nunca foi empregado para evocar uma zona de produção.
Enfim, a nova regra (legal) está efetivada e será posta em prática imediatamente...
Eu por minha vez vou contiuar a tomar Prosecco com meus combinados de sushi e sashimi!